Maratona Oscar 2023: Women Talking
O Oscar deu alguns passos para trás esse ano, pois o pingo de representatividade feminina visto nas duas últimas edições, foi retirado das indicações sem o mínimo motivo. Digo isso, porque não faz sentido Charlotte Wells, de Aftersun, e Sarah Polley, de Women Talking, não estarem indicadas na categoria de melhor direção.
Sobre Aftersun nós já falamos aqui, desta forma, chegou o momento de eu compartilhar com vocês os meus sentimentos sobre Women Talking, que infelizmente, só recebe reconhecimento nas categorias de Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado, sendo que apenas na última categoria, parece ter uma real chance de vitória.
A informação mais impactante que recebi sobre esse filme foi o fato de que ele não é somente baseado em fatos, como também, em uma história deste século, de pouco mais de dez anos atrás. Em 2010, as mulheres de uma comunidade isolada na Bolívia seguiam a religião da igreja Menonita e acabaram descobrindo um segredo chocante sobre os homens que controlaram suas vidas e fé.
Em cenas impactantes, mas muito sensíveis e responsáveis, Women Talking nos leva a entender que os homens daquela comunidade usaram anestésicos para drogar e estuprar mulheres e meninas durante a noite por muitos anos. O que resulta em uma revolta por parte das mulheres, que se vêem na posição de escolher entre perdoar, lutar contra esses homens ou fugir.
Women Talking é levado de forma impecável por meio dessa premissa, nos apresentando o ponto de vista de mulheres que apesar de estarem na mesma comunidade e terem passado por atrocidades semelhantes, tem pontos de vista diferentes sobre o que fazer, pautadas sempre pelo medo, pela raiva ou pela dor.
É interessante porque mesmo que digam coisas com as quais não concordamos, nos vemos em posição de dar as mãos para as protagonistas e não soltar nunca! Elas expressam em alguma medida, coisas pelas quais já passamos ou já vimos outras mulheres passarem, por isso, dói ver elas discutindo sobre como algumas vezes, o perdão pode ser confundido com a permissão.
Dói porque é verdade, porque muitas religiões e culturas ainda se esforçam para manter meninas e mulheres sem educação, sem escolhas, sem respeito ou dignidade, isso, com o objetivo de dominá-las, fazendo com que se tornem subservientes a uma comunidade e às necessidades masculinas.
Assista o filme, pense sobre ele e compartilhe com outras pessoas, esse é um ato de Dia das Mulheres que representa muito mais do que flores.