Pisque Duas Vezes, mas fique atento para não perder nenhum detalhe desse filme
A estreante na direção, Zoë Kravitz, já inicia sua carreira nesta área com um filme muito bem construído e criativo, que definitivamente não é divertido, mas entretém não só pela história, mas também pela estética e trilha sonora.
No longa, o magnata da tecnologia Slater King cruza o caminho da garçonete Frida durante sua glamorosa festa de gala para angariação de fundos, quando uma faísca instantânea é desencadeada. A química dos dois é tão boa que ele acaba convidando-a para compartilhar das férias de sonho em sua ilha privada com amigos, muito sol, festas, roupas brancas e drogas.
Frida, que desde o começo do filme é apresentada como uma mulher que quer uma vida melhor, não pensa duas vezes antes de aceitar a oferta e aproveita para levar sua melhor amiga junto. E é aí que as coisas começam a ficar estranhas, já que na ilha infestada de cobras e de pessoas sorridentes, a protagonista começa a ter uns lapsos de memória.
Com uma montagem tensa e um mistério que vai se revelando de forma certeira, Pisque Duas Vezes me prendeu do começo ao fim, porque até mesmo nos momentos de mais calmaria a gente sente que tem algo errado ali e isso é mostrado com sutileza, por meio de umas red flags que tão ali, mas beeem longe.
Como o próprio longa é responsável e faz questão de avisar, sinto que é minha tarefa também dizer que a obra pode causar muitos gatilhos relacionados a abuso sexual e abuso de poder, não falarei os contextos, mas saber disso é importante.
Aliás, só pra finalizar, Pisque Duas Vezes não é só responsável fazendo esses anúncios de gatilho, como também é uma produção bem consciente de como e quanto mostrar de cada situação, apresentando um olhar sensível e muito apurado.