Estranha Forma de Vida entrega uma convencional história de amor
Por mais admiração que os homens possam ter entre si, o amor, em especial entre os que performam heteronormatividade, ainda gera muita repressão, dor e raiva. E isso é o que Estranha Forma de Vida me transmite, um amargor gigante causado pela decisão de não seguir uma vida juntos.
O curta, que é dirigido e escrito por Pedro Almodóvar é um faroeste clássico, que aborda de forma intensa a relação entre esses dois homens, Silva, interpretado por Pedro Pascal, e Jake, interpretado por Ethan Hawke. A canção entoada maravilhosamente por Manu Ríos, explicita bem o caminho de ambos: “Foi por vontade de Deus; Que eu vivo nesta ansiedade; Que todos os ais são meus; Que é toda minha a saudade”.
Depois de 25 anos sem se ver, Silva vai ao encontro de Jake, que agora é o xerife da cidade. Cheios de saudade, os dois compartilham um dia repleto de intimidades, trabalhando na reconciliação das desavenças que tiveram e recuperando o tempo que perderam. No entanto, o dia seguinte revela que a visita de Silva pode não ter apenas motivos nostálgicos, é carregada também pela urgência de proteger seu filho. Tomados pelo que construíram longe um do outro, os dois partem para uma perseguição e confronto motivados por vingança, remorso e paixão.
O amor incompreendido é o que move este filme, sua presença está contida nas ambientações áridas, na noite gelada, nos diálogos que escondem um segundo ou terceiro significado, nos olhares que dizem mais que tudo, na trilha sonora dolorosa e muito bonita, mas principalmente, na direção e nas atuações do longa.
Não é ao acaso que grandes nomes estão nesse filme, é possível ver o cuidado e o empenho empregados nessa obra, que como tantas do Almodóvar, tem um estilo único, cores fortes e algo que faz essa história, contada não pela primeira vez, parecer algo extremamente original.
O curta está disponível no Prime Video.