FREAKS INDICAFREAKS REVIEW

Normal People atualizou a minha definição de amor

O romance entre os dois é até difícil de se comentar, pois é intrínseco ao crescimento individual dos personagens

Adaptada de um livro de mesmo nome e que definitivamente entrou no topo da minha lista de leitura, Normal People é uma minissérie sensível e cativante lançada no ano de 2020. A obra se destaca pelo realismo, fotografia, trilha sonora, atuações, roteiro, desenvolvimento, as cenas de sexo e também por ter me feito chorar em um ponto de ônibus.

Mas vamos lá, na minissérie que me fez perceber que estou longe da apatia, acompanhamos os encontros e desencontros de Marianne e Connell, dois jovens de origens distintas que acabam se apaixonando um pelo outro durante diferentes fases da vida, como no ensino médio, em uma pequena cidade da Irlanda, e na universidade em Dublin.

Como já citei, são muitos os pontos positivos da série, mas é difícil escrever sobre ela e não dar mais destaque aos seus protagonistas, o que farei aqui também, começando por Marianne, uma jovem solitária que está sempre em busca do amor incondicional que não encontrou em casa, na escola e em qualquer outro de seus relacionamentos. 

Durante os 12 episódios, vemos Marianne se colocar em situações infelizes por sentir que merece ter a tristeza e a decepção em sua vida, o que torna impossível não sentir empatia e compaixão por suas nuances e pela pitada de esperança que ganha todas as vezes que se aproxima de Connell, momentos em que percebe que a vida pode ser diferente.

Ela tem uma personalidade difícil, diz A querendo falar B e, pelos problemas que tem com sua família, vai crescendo de uma forma complicada, eu diria até que infeliz. Para mim, o episódio em que está de férias na Itália e o que está fazendo um intercâmbio na Suécia são certeiros em deixar impressa a marca da personagem, que é a melhor desta história.

Já Connell não fica muito para trás e, apesar de ser amado por todos, claramente não se sente pertencente aos ambientes nos quais convive. Tentando encontrar sua voz no mundo, vemos nele uma evolução crescente, que começa quando entra na faculdade e vai se fortificando quando descobre o poder da escrita.

De início, ele pode parecer só um cara babaca que não quer assumir um relacionamento, mas aos poucos descobrimos que há tanto dentro dele! Em todos os momentos que também diz A querendo falar B, é perceptível que algo nele implode, que cada pedaço do que guarda por dentro é cortante.  

E é por isso que cada gesto conta, que a cena em que beija as costas de Marianne em público é de arrepiar todos os pelos do corpo, que quando segura sua mão, algo rompe nele, nela e em nós, os espectadores. Para destacar um pouco mais de quem ele é separo o episódio no qual entra para a universidade e o que faz uma sessão de terapia.

Por fim, o romance entre os dois é até difícil de se comentar, pois é intrínseco ao crescimento individual de cada um, está lá nos momentos em que transam, em que brigam, em que estão em países diferentes, em que tentam se manter somente amigos, em que decepcionam um ao outro, em que estão juntos e em que fogem de seus sentimentos. Em cada alto e baixo de Connell, em cada alto e baixo de Marianne.

Normal People está disponível no StazPlay, no Globoplay e na Prime Video.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *