A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes renova Jogos Vorazes
A saga de Jogos Vorazes está marcada como minha adaptação literária favorita de todos os tempos, especialmente o segundo e o terceiro filme, ambos dirigidos por Francis Lawrence. Por isso, eu já esperava muito de A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes, que também está nas mãos do diretor.
Enriquecendo a história de Katniss, o filme se passa anos antes dela, mostrando o processo de conquista e autodescoberta do temido Presidente Snow, que na juventude, era chamado apenas de Coriolanus. A obra agrega na construção do vilão, mas soma também na ambientação e na história dos distritos, nos mostrando um 12 ainda que pobre, mais próspero, antes da explosão das minas e a Capital durante a guerra, assim como um tempinho depois dela.
É óbvio que guerras não são benéficas, mas foi interessante o fato de explorarem a fome e o medo existentes em ambos os lados, fatores essenciais para a criação dos jogos e para a desumanização- por parte da Capital- dos outros distritos. O pavor é capaz de criar monstros, transforma inimigos em alvos e as pessoas que se sentem ameaçadas em soldados, é cruel e, nesse caso, cria uma tirania que vai se alastrar até a época de Katniss.
Além dos confrontos diretos, a guerra também cria a espetacularização extrema, que como em Esperança- Parte 1, é muito bem abordada aqui. A utilização de mídias como propaganda de guerra é algo que ganha novas camadas a partir do momento em que a Capital percebe que os espectadores não estão interessados em ver pessoas apenas morrendo, é importante ter história, torcida, patrocinadores e um ganhador nos jogos, algo absurdo e que pode ser facilmente encaixado na nossa realidade.
Nesse ponto, Snow se depara com a oportunidade única de resgatar o nome e a glória de sua família, principalmente, quando conhece e vê potencial de protagonismo em Lucy Gray Baird, uma tributo do Distrito 12 que o encanta pela doce voz, a empatia sem fim e o pensamento livre. Sem muitas chances de ganhar em combate, cabe a Snow enganar e manipular seus colegas para torná-la vencedora.
Assim, acompanhamos a ligação entre os dois, já que toda escolha que Coriolanus fizer, tem consequências dentro e fora do Jogo, inclusive, depois dele. E aí, a história me deixa absorta, pois tanto os momentos passados na Capital, quanto no Distrito 12, são regados à política e um protagonismo magnético de ambos, afinal, nós sabemos qual será o destino do Snow e descobrir como ele chegará lá, é simplesmente cativante, por outro lado, temos o cristal Lucy Gray Baird, uma personagem fantástica.
Para além de suas belas roupas, do chame e carisma de uma artista, Lucy tem a voz de um anjo e canta músicas incríveis, que dão um tom a mais de revolução para A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes, eu particularmente gosto de todas, mas minha preferida é Pure As The Driven Snow, que é realmente cantada pela interprete da protagonista, Rachel Zegler. Aliás, falando em música, recomendo que ouçam Can’t Catch Me Now, da Olivia Rodrigo, canção tema do filme que expressa bem a relação de Snow com Lucy.
Acho que se me deixarem, falarei dessa obra sem parar, mas como paciência tem limite e texto grande menos leitores, encerro por aqui a minha crítica, ciente de que vou assistir o longa no cinema mais uma vez e de que a saga cinematográfica de Jogos Vorazes continua sendo a minha preferida.
A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes está em cartaz nos cinemas.