Ammonite e Retrato de Uma Jovem em Chamas: o amor é uma obra de arte

Semelhante ao clássico sáfico Retrato de Uma Jovem em Chamas, que me surpreendi hoje ao saber que ainda não tem crítica na Freaks, Ammonite nos apresenta um amor proibido, intenso e belo entre duas mulheres. E apesar de ambos não terem o meu final preferido de todos os tempos, embora realistas, acho que passam como poucas obras, a sensação de amar uma mulher.
Muito me admira Ammonite ser dirigido por um homem, porque traz as sutilezas de Retrato de Uma Jovem em Chamas e é extremamente realista, feito por um olhar que não parece ser o masculino. As cenas de sexo são ótimas e os desenvolvimentos que levam até elas também, principalmente porque nos dois casos, as personagens começam como “estranhas” e vão ganhando a confiança uma da outra com o tempo, até o momento em que se tornam amantes.

Eu acho a estrutura dos filmes muito parecida: uma personagem chega aonde a outra mora, elas começam sem se entender, frequentam a praia, se tornam amigas e começam a admirar a complexidade uma da outra, depois viram amantes e, como uma delas está comprometida, no final, elas tem que se separar. Os longas foram lançados com um ano de diferença, mas é interessante saber que um deles é a adaptação de um livro, enquanto o outro é vagamente inspirado na vida da paleontóloga britânica Mary Anning (a parte do romance é só especulação).
Nos dois casos, o sentimento que me acende é o mesmo, minhas sensações se encontram no ato de amar uma mulher e o quanto isso pode ser poético, tem poder exploratório e, muitas vezes, tem a delicadeza, vivacidade e complexidade de uma obra de arte.
Ammonite e Retrato de Uma Jovem em Chamas estão disponíveis na Prime Video.