Baú da Freaks: Utopia é a série conspiratória que previu a pandemia de Covid-19
Fala Freaks! hoje venho aqui para falar sobre a série mais conspiratória de 2020, Utopia, do Prime Vídeo. Meus dois avisos antes da crítica são: não assisti a série antiga e que a partir de agora teremos alguns spoilers.
Na série de Utopia, somos apresentados a um grupo de fãs que obtém uma história em quadrinhos de culto underground. Na narrativa destes quadrinhos os personagens descobrem possíveis pragas que acabarão com o mundo e a previsão de atentados para o extermínio em massa.
Começo aqui falando da Gillian Flynn (Garota Exemplar e Objetos Cortantes), que é produtora executiva da série, e se ela faz, eu leio, assisto e aprecio.
Já no inicio da série logo notei que ela tem uma vibe bem esquisitona, me lembra um pouco The Umbrella Academy com Stranger Things, só que mais obscura e violenta. Por esse motivo já aviso, essa não é uma série para quem tem estômago fraco, acredite, tem cenas perturbadoras.
No primeiro episódio mesmo, a cena da seringa me deixou muito tensa e essa atmosfera se construiu tantas outras vezes que é impossível assistir a algum dos episódios completamente relaxado ou desatento.
Outra coisa que me ganhou em Utopia foi a integração do quadrinho e da história dele com a verdadeira Jessica Hyde, a obra faz isso de forma dinâmica e algumas vezes horripilante, mostrando que tanto a realidade quanto a ficção podem ser terríveis, só que de maneiras diferentes.
Nesse quesito de realidade e ficção, a série trata sobre pandemias, então se você está um momento complicado da vida, bem na bad vibes da Covid-19, não veja!
Entrando na parte de personagens, vou falar aqui sobre o meu preferido: o doutor Michael, interpretado pelo maravilhoso Rainn Wilson, que em sua trama traz uma bela resposta ao que estamos vivendo hoje no mundo, com a negação da ciência e também a necessidade constante de uma vacina, ultrapassando todos os tipos de protocolos existentes na área da saúde.
Minha outra preferidinha é a Becky, personagem que mais me chamou a atenção no começo, já que eu buscava entender sua história e saber mais sobre sua doença. Mesmo sabendo que ela possivelmente iria morrer (o que quase aconteceu), é muito difícil não se cativar pela sua doçura e simpatia dela.
Agora sobre a Jessica Hyde, definitivamente uma heroína que desconstrói tudo o que uma “boa moça” deveria fazer. Que mulher foda, bad ass, mas ao mesmo tempo, egoísta e que não sabe lidar com os outros, vemos também seu lado mais humano e sensível, Jessica não é a personagem dos quadrinhos, a fascinante e moral protagonista, ela é apenas uma mulher.
Ainda no hall de personagens complexos temos o Arby ou melhor o Jon, que é muito interessante e claramente apresenta alguns transtornos mentais que podem ser mais explorados na segunda temporada, com ele, passei de medo até a sensação de empatia. Aos poucos, o personagem acabou se tornando um dos protagonistas e o que eu mais quero é que ele encontre um lugar onde seja verdadeiramente aceito e feliz, talvez com a Lily?
Grant, Alice, Wilson Wilson e Ian também são ótimos personagens e acrescentam muito na história. O que mais gosto deles é que são pequenas peças de um grande quebra cabeça, cada um tem seu objetivo e certa habilidade que o torna essencial para o grupo.
Também gosto de como os personagens são os famosos conspiradores (goste deles, só por favor, nada de acreditar na terra plana), além disso, temos ainda uma ótima construção de vilões e elas são bizarros, que saudade que eu tinha dessa sensação de que ninguém está seguro e de que há realmente consequências para os atos de cada personagem.
Utopia traz boas reflexões sobre o mal dos preconceitos e qual é a sociedade perfeita que se cobiça, ela é realmente boa? Deve existir? A que custo pode ser alcançada?
E quanto ao verdadeiro coelho? Eu realmente não esperava por isso, será que fui ingênua?
Acho que para finalizar tenho que dizer que amei cada pedaço, e que se por acaso, você chegou aqui e não viu a primeira temporada, dá uma chance, não vai se arrepender.
Acho que é isso, “Sobreviva, Jessica Hyde”.