Pecadores e Ainda Estou Aqui: muito a dizer e cabe a mim ouvir

Falar de Pecadores é um tanto complicado pra mim, porque sinto que nem roupa eu tinha para assistir esse filme, quanto mais para ter algo a acrescentar em relação a essa obra extremamente estilosa, política e intrigante.
Eu tenho disso, não consigo escrever sobre obras que tanto me cativam, a prova dessa minha condição é que também estou enrolando para fazer um texto sobre Ainda Estou Aqui desde o ano passado. Então por que não elogiar dois filmes espetaculares (que nada tem a ver um com o outro) em um único texto?
Acho que algo que me encanta em ambas as obras é que trazem um contexto histórico forte, que por mais que eu não tenha vivido, me toca profundamente e reflete não somente no meu, mas no presente de todos nós. Fazer de momentos trágicos tão fantasiosos, como em Pecadores, ou artísticos, como em Ainda Estou Aqui é um dom e uma forma de mostrar que o passado importa, que ele deve sim ser lembrado, mas não repetido.

Com atuações fantásticas e músicas que se eu ouvir hoje vão me arrepiar completamente, os aspectos técnicos são espetaculares e, eles incluem ainda, o fato de termos cenários principais muito marcantes. Existe um sufocamento muito grande tanto na casa de Eunice, como no bar de blues criado por Faísca e Fumaça, já em relação aos olhos que se recaem sobre eles e os rondam nesses ambientes eu nem preciso dizer!
Gosto também do fato de que apesar dos dois serem filmes contidos, sobre assuntos realmente importantes, existe ainda uma camada pop ali no meio. Algo que os torna não somente honestos, bons e impactantes, rendendo também conversas que aprofundam ainda mais as problemáticas da ditadura e do racismo.
Como eu já disse, são filmes que tem muito a dizer e eu estou simplesmente disposta a escutar. Se puder, por favor, tire um tempo para assistir Ainda Estou Aqui (GloboPlay) e Pecadores (em cartaz nos cinemas).