Especial Percy Jackson e o Ladrão de Raios: livro, filme e série
Dez anos fazem muita diferença na cabeça de uma pessoa.
Concedem mais experiências e uma nova forma de ver o mundo, o que me possibilitou ter um ponto de vista divergente da Ana Luiza de 14 anos, que provavelmente não pegou tantas referências e nem deve ter percebido todas as pistas sobre o Ladrão de Raios no livro escrito por Rick Riordan.
Eu assisti ao filme primeiro do que li o livro, o que influenciou fortemente na forma como enxergo a adaptação, mas neste texto, pretendo seguir a ordem dos lançamentos: então este é o momento de falar do livro, que me encantou bastante da primeira vez e se tornou ainda mais divertido na segunda.
Com uma escrita gostosa, cheia de humor e sarcasmo, é impossível não dar ao menos umas risadinhas lendo Percy Jackson e o Ladrão de Raios, primeiro por conta das coisas propositalmente absurdas que acontecem e, segundo, porque Percy é daqueles personagens no estilo do Homem-Aranha, que desferem um golpe e uma piadinha ao mesmo tempo.
Nos aproximando também da Mitologia Grega, a cada mito, monstro ou herói que aparece na narrativa, fica aquele gostinho de quero mais que uma aba no Google, em uma pesquisa rápida, resolveria. Ou seja, você lê, procura e conhece mais, só vejo vantagens- em especial para crianças e adolescentes.
Sou fascinada também pela rotina do acampamento, a coragem de Percy, a audácia de Ares e os ensinamentos sobre a natureza que nos são passados durante a história. Pode parecer besta, mas tem gente que não entende ou não liga para o contrabando de animais, a poluição que trouxemos para a terra e o fato de que o nosso planeta está cada vez menos vivo. Isso tudo está presente na leitura, nas linhas e entrelinhas.
Alguma dúvida de que recomendo para vocês? Espero que não cabeças de alga!
Agora falando do polêmico, mas maravilhoso a sua própria maneira, filme que adapta Percy Jackson e o Ladrão de Raios. Primeiro, qual o sentido de deixar os personagens mais velhos? Segundo, como eles acharam que misturar Clarisse e Annabeth em uma única personagem faria sentido? Enfim, muitas escolhas questionáveis.
Como já disse, eu vi o filme antes de ler o livro, por isso, já tinha um grande carinho por ele e consigo separar os pontos “boa adaptação” e “filme legal de se assistir” facilmente, sendo que Percy Jackson manda muito mal e muito bem, respectivamente, neles.
Eu amo o sarcasmo do Percy, a doçura do Grover e a seriedade da Annabeth adaptados nessa obra, gosto do fato deste filme ser uma road trip, sou fissurada na cena do Cassino Lótus e até acho a parte da Medusa bem construída, mas não dá pra negar que Percy Jackson mandou lembranças, pois tudo poderia ser melhor executado.
Não sou uma radical que acredita que esses filmes devem ser esquecidos. De fato, eu ainda os assisto e acredito que dava sim para a Fox salvar essa franquia, dando sequência com os protagonistas e com a história dos Olimpianos. A chance que tiraram de Percy Jackson naquela época foi triste e imagino que vocês também concordem, pois a obra merecia muito mais.
Felizmente, tivemos uma nova oportunidade de ver esse universo sendo adaptado, uma mais mágica, com mais orçamento e que fez mais juz ao que eu li e falei ali no começo do texto! A série de Percy Jackson começou enchendo meu coração, afinal, não tem preço ver o Acampamento Meio-Sangue vivo, os campistas realmente jovens e as camisetas laranjas maravilhosas.
Amei a profundidade dada para algumas situações, como a relação do Percy com o Luke, o romance entre Poseidon e Sally, a história da Medusa e a cena em que o Percy tem uma conversa honesta com Zeus. Confesso que senti falta de termos mais cenas de ação, daquelas contidas em aventuras mais emocionantes, sabe?! Só que mesmo falando positivamente sobre o orçamento da série, sei que muitas cenas ficaram escuras ou foram cortadas por causa disso.
Talvez isso também justifique o tamanho dos episódios e algumas mudanças em relação ao livro. Aliás, eu entendo porque seria estranho homenagear a cena de Las Vegas aqui, só que não tem como, para mim esse foi o episódio mais frustrante. Faltou demais!
Voltando aos elogios, preciso falar desse trio carismático e fofo. Fiquei apaixonada pelas interações entre os três, que realmente estão muito semelhantes aos seus personagens, reproduzindo certas posturas e olhares iguais aos que eu imaginei na minha cabeça por anos. Todos são ótimos, mas o maior destaque obviamente vai para o Walker, que é teimoso, insolente, algumas vezes pouco expressivo e muito sem noção como o Percy, ou seja, parece que o papel foi escrito pra ele.
Espero de coração que a nova temporada venha logo, principalmente para termos um vislumbre de Thalia, além de mais presença da Clarisse e, talvez quem sabe, um especial sobre Percy Jackson e o Mar de Monstros.
Os filmes estão disponíveis no Disney+.