Guerra Civil mostra que a crueldade muitas vezes não tem um porquê
Talvez por eu ter me formado em jornalismo, por estarmos vendo uma guerra acontecer neste momento ou então pela volta massiva, de uns anos para cá, do pensamento conservador, mas Guerra Civil não foi só difícil de ver, se tornou também assustador.
Enquanto eu estava no cinema me senti uma fotojornalista de conflitos assim como Kirsten Dunst, imersa em cada uma das situações caóticas nas quais nossos protagonistas se envolvem. Aqui, estamos ambientados em um futuro não tão distante, quando uma guerra civil se instaura nos Estados Unidos.
Os motivos por trás dessa guerra a gente entende por cima: um presidente em seu terceiro mandato, organizações de inteligência e segurança desfeitas, questões fortes relacionadas aos imigrantes que chegam ao país… No fim, grande parte se resume a uma cena na qual o personagem do Wagner Moura pergunta porque está acontecendo uma troca de tiros e um soldado responde: “estão atirando na gente, estamos atirando de volta”.
E claro, quando uma situação assim ocorre existem aqueles que fingem que nada está acontecendo, os que encontram sua forma de lutar pelo lado no qual acreditam e tem ainda os que aproveitam para libertar toda a sua crueldade, validados pela violência que começa a surgir nos arredores. É dessa última situação que derivam as duas cenas mais impactantes do longa, uma na qual vemos Jesse Plemmons aterrorizante e outra na qual nos deparamos com um dia “normal” num posto de gasolina.
O trabalho de som, fotografia e as atuações são excelentes, tanto, que durante todo o filme eu sentia que estava assistindo um documentário, sem certeza sobre a sobrevivência de qualquer um dos personagens principais, mas sempre com o sentimento de algo ruim estava para acontecer.
Guerra Civil é uma experiência forte que vale ser vista no cinema, recomendo demais!
