FREAKS REVIEW

A Abadia de Northanger: vampiros sociais e os males do coração 

Livro e filme são ótimos para consumo, se complementando ao tornar a experiência mais rica em detalhes

Já vi muitas adaptações dos livros de Jane Austen, inclusive, tenho me afeiçoado cada vez mais com Orgulho e Preconceito. No entanto, somente em 2024 entrei em contato os escritos da autora, começando pelo divertido a A Abadia de Northanger, que eu prefiro chamar de a Abadia do Siricutico.

Conversando diretamente com os leitores, Jane Austen proporciona uma experiência engraçada, nos elucidando como Catherine, a heroína da obra, está um pouco longe do que se esperava na época. Não que ela fosse feia ou algo do tipo, só possui uma grande inocência que a faz ser enganada por boa parte da galera.

Outro aspecto bem marcante é a imaginação fértil de Catherine, que acaba por fantasiar demais devido aos romances góticos que devora e, se isso é satirizado no livro, fica ainda mais evidente em sua adaptação de 2007, que não mede esforços para nos fazer compreender os devaneios de sua protagonista.

O interessante é que como Catherine está tão focada nos “fantasmas”, “assassinatos” e “vampiros” ao seu redor, pouco se dá conta de que é peça central de um ornamentado jogo de desejos. Inclusive, é genial a construção desses personagens “maldosos” que escancaram suas intenções e contradições a todo momento, mas dificilmente são percebidos pela protagonista. Posso te assegurar, já conheci muitas Isabellas por aí e o mesmo vale para seu pavoroso irmão…

Agora sobre o título, tanto o livro, quanto o filme dedicam pouco tempo para a Abadia de Northanger, mas isso não é algo que me falta. Principalmente, porque a força desta história está nas interações de Catherine com os Thorpe, os Allen e os doces (Eleanor e Henry) Tilney, ambas muito bem exploradas desde Bath.

Por fim, livro e filme são ótimos para consumo, se complementando ao tornar a experiência mais rica em detalhes. Afinal, ler sobre os galantes bailes, lindos vestidos e doces cortejos é sensacional, mas vê-los em tela é quase como tornar magia em realidade. Ou seja, definitivamente teremos mais Jane Austen aqui na Freaks em 2024!

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