Baú da Freaks: Live action de Mulan
Lançado no streaming do Disney+, no dia 4 de setembro, o filme live action de Mulan era muito aguardado por recriar uma das histórias mais clássicas que contextualizam diversidade e feminismo no universo das princesas, sendo até hoje símbolo de representatividade para muitas pessoas. Nesta matéria, a Freaks! traz para vocês uma crítica sem muitos spoilers sobre a nova adaptação desta obra do estúdio.
O novo filme segue basicamente o esqueleto narrativo da animação e da lenda, no qual Hua Mulan é a determinada filha de um honrado guerreiro. Quando o Imperador da China emite um decreto que um homem de cada família deve servir no exército imperial, Mulan decide tomar o lugar de seu pai, que está doente. Ela se disfarça de homem para combater os invasores que estão atacando sua nação, provando-se uma grande guerreira.
O live action já começa de forma impressionante, mostrando cenários lindos, roupas e ambientação bem produzidas, além de definir em seu ponto de partida que fará as coisas da forma mais realista possível, com apenas algumas exceções. Devo dizer que a grandiosidade do filme em sua fotografia merecia ser vista em telas maiores, talvez por isso, em minha opinião, o longa não tenha sido tão imersivo e mágico como Aladdin.
Apesar dos atrasos para o lançamento, devido a pandemia de Covid-19, valeu esperar para conhecer esse novo contexto no qual o filme foi trabalhado, já que por ser lançado em 2020, a adaptação destaca muito mais as questões de expressão de gênero e dos padrões sociais. Neste sentido, o filme aborda muito bem o fato de Mulan ser uma menina fora dos padrões de comportamento impostos e até mesmo a questão de ela ser chamada de bruxa, como muitas mulheres já foram e até hoje são, apenas por apresentar grande força e habilidade.
Mulan é muito sútil e certeiro ao tratar esses assuntos, passando sua mensagem sem ser agressivo e afastar aos que querem ver apenas um filme de aventura. Outros dois pontos que quero acrescentar aqui ao falar dessa questão de feminismo são: a parte em que a própria Mulan percebe a diferença de tratamento entre homens e mulheres, quando ao estar personificada de homem, é parabenizada por sua força e enquanto como mulher a pediam para esconder essa faceta, e também, a adição da bruxa, que de início me preocupou, mas aos poucos vai se revelando como mais uma amostra do poder feminino.
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Agora, falando de aspectos que não gostei no filme, preciso dizer que a nostalgia atrapalha uma crítica honesta. Sinto falta de coisas que fizeram parte da minha infância quando assistia a esse filme, mas apesar de não ter alguns dos elementos clássicos como Mushu, Shang e as músicas do desenho original, o novo filme é uma obra boa, contemporânea e bem realista sobre guerra e tradição chinesa.
Além disso, não gostei de alguns dos efeitos especiais do filme (a águia que guia Mulan e é sua ancestral parece com uma pipa) e de certas coreografias de luta, elas são duras e não parecem tão verídicas, por isso, sinto que foi acertada a decisão de tirar o Mushu do live action, porque talvez não ficasse bom e fosse mais um elemento que não se encaixasse. Acredito que outra parte que não foi tão bem executada foi a da revelação de Mulan, a cena é um tanto anticlimática e rápida, sem muitas emoções.
Por fim, digo a vocês que é preciso assistir a esse filme com a cabeça e o coração aberto, pensando que é um longa único, sem tentar fazer aquelas relações com o desenho, porque o tempo passa, as coisas mudam e os filmes recebem novas roupagens.