FREAKS REVIEW

Dickinson é leve, necessária e poética 

Dickinson estreou em 2019

Comecei Dickinson no ano em que a série estreou, mais precisamente, em 2019. No entanto, tive dificuldade em prosseguir com os episódios, pois não conseguia assimilar a linguagem moderna apresentada na roupagem de uma série que se passava no século XIX, eu e provavelmente as pessoas ao redor de Emily Dickinson.

Acho que naquela época eu não estava pronta para consumir Dickinson da maneira que tive a oportunidade agora, então sou grata pela Ana Luiza do passado ter desistido, porque a de hoje está mais preparada para absorver em mais detalhes essa série fantástica, que em três temporadas (trinta episódios ao todo), evidencia a importância de Emily Dickinson e outras tantas mulheres como ela.

Na produção, Emily Dickinson, interpretada lindamente por Hailee Steinfeld, é uma jovem escritora em ascensão que se sente deslocada em seu próprio tempo. Cheia de ideias progressistas, a poetisa recorre a sua vasta imaginação para lidar com os obstáculos que sua família e a sociedade colocam no seu caminho.

Os personagens secundários tiram Emily do mundo da imaginação para encarar os problemas que, muitas vezes, não afetam ela

Inclusive, falando em imaginação, a série usa esse artifício muito bem e posso exemplificar isso em vários momentos, mas o meu preferido é quando vemos Emily descobrindo o destino de seu querido amigo Ben, assim que ouve as abelhas. Temos ainda o personagem da morte, o Nobody, o pássaro e as sereias, todos os poemas de Emily ganhando vida na nossa frente.

Quero falar também dos personagens reais ao redor de Emily, como a Sue (chego nela no próximo parágrafo), Austin, George, Henry, Hattie, Betty, os pais de Emily e, especialmente, Lavínia. Cada um deles, independentemente de serem os que de fato existiram ou as inserções dos roteiristas, fazem Emily sair do mundo da imaginação para encarar os problemas que, muitas vezes, não afetam ela. 

Nesse sentido, Lavinia Dickinson se apresenta como uma grande aliada para Emily, visto que na história real, foi responsável por publicar seus poemas, mas para além disso, também era uma mulher a frente de seu tempo, que compreendia a poeta e cuidava dela. Outra personagem essencial é Sue, cunhada, melhor amiga e amante de Emily, a pessoa que era sua fonte de inspiração e principal confidente, sendo ainda, a maior incentivadora de seu trabalho. Em Dickinson vemos ambas as relações sendo bem desenvolvidas, com ótimas cenas de conexão e, no caso de Sue e Emily, de um romance bem construído e apaixonante.

Lavínia e Sue são as grandes aliadas de Emily

Para finalizar, destaco meus episódios preferidos: 1×02, 1×07, 1×08, 2×06, 2×08, 2×10, 3×06, 3×07, 3×09 e 3×10. Cito também, as engraçadas e sensacionais aparições de Louisa May Alcott, Edgar Allan Poe e Sylvia Plath.

Dickinson está maravilhosamente disponível na Apple TV+.

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