FREAKS REVIEW

X e Pearl representam o que há de bom nos slashers

X foi lançado em 2022 e logo se tornou um sucesso

Em um dia despretensioso fiz minha maratona de X e Pearl, os grandes queridinhos slasher de 2022 e, apesar de reconhecer todos os acertos de X: A Marca da Morte, só fui entender a maravilha desses produtos após conferir Pearl, que é facilmente meu filme preferido do gênero.

Mas vamos do começo: X acompanha um grupo de cineastas pornográficos em 1979. Aqui, nossa protagonista é Maxine, uma atriz pornô, que junto com seus colegas de trabalho vai para uma fazenda no Texas, propriedade de Howard e Pearl, um casal idoso, para gravar o filme The Farmer’s Daughters. 

No entanto, quando chegam na casa que será usada para a gravação, são recebidos pelo casal – que apresenta estranhas características. Howard é temperamental com o grupo, sempre falando sobre sua espingarda, enquanto Pearl se interessa pela beleza e sexualidade de Maxine, passando a perseguir a garota.

O que começa como uma obsessão por parte da idosa, logo dá espaço para inúmeras mortes, sempre partindo da vontade do casal de alimentar os desejos e a raiva de Pearl, que quer apenas se sentir amada e jovem novamente. Com ótimas cenas de morte e um tom de estranheza causado pela caracterização de Mia Goth no papel de Pearl, o filme não assusta, mas dá uns bons arrepios.

Gosto do fato de que, além das mortes sangrentas, o filme aborda bem a relação ainda muito conservadora das pessoas com o sexo, o que causa uma absurda repressão e frustração, o contrário do caso de Maxine, que encontra em suas escolhas e no seu corpo, sua liberdade! 

Mais do que isso, em X também somos confrontados pelo etarismo latente da sociedade, contido naquela ideia danosa de que depois de certa idade, não temos mais vida e não podemos ser mais nada além da sombra do que fomos. Desta forma, Pearl e Maxine são o nascer e o morrer de um mesmo sonho, a diferença, é que a garota mais jovem ainda acredita que merece uma vida melhor.

Falando agora sobre o segundo filme da franquia de Ti West, em Pearl, voltamos para 1918, quando a jovem Pearl, também interpretada por Mia Goth, está obcecada em se tornar famosa. Presa na fazenda isolada de sua família, Pearl só encontra desgoto em cuidar do pai doente e viver sob a vigilância constante de sua amarga e autoritária mãe.

Desejando a vida que tanto assistiu nos filmes, a garota sente que é uma estrela precisando apenas da sua grande oportunidade! Só que esse mundo um tanto fantasioso no qual vive, que reflete suas ambições, tentações e repressões, começa a entrar em conflito pela falta e o possível retorno do marido, assim como a aparição de um novo interesse sexual e a notícia do concurso itinerante que pode mudar sua vida.

Com cores vibrantes, uma trilha sonora cativante e cenas caricatas de assassinato, Pearl me ganha por sua teatralidade, que nada mais é do que a visão de sua protagonista extremamente interessante e problemática, uma mulher frustrada, que mata para alcançar o que deseja e, depois, mata justamente por não conseguir alcançar seus sonhos.

É impressionante o quanto Mia Goth se entrega para esse papel, porque Pearl é uma personagem que exige demais! Não somente na cena final, que ficou muito famosa, mas também em momentos como seu número musical, a cena em que se sente rejeitada pelo projetista e o momento em que tem uma conversa aberta com sua cunhada.

Depois disso, só posso dizer que estou ansiosa para saber o que será mostrado em MaXXXine, que ao seguir o fluxo de seus antecessores, promete ser ainda melhor.

Os filmes estão disponíveis na Prime Video.

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