Oscar 2024: Ficção Americana é na verdade bem real
Ficção Americana é uma comédia bem ácida sobre o consumo das massas, nesse caso, focada na produção de conteúdos de/para pessoas pretas. Afinal, se consume o que é realidade ou a realidade é moldada para o consumo?
No longa, Monk é um escritor que está cansado do público americano preferir histórias negras cheias de clichês em vez de materiais mais “ricos”. Por isso, para provar sua teoria, adota um pseudônimo e escreve um romance com todos os estereótipos que odeia.
Apesar de algumas convicções do personagem serem extremamente válidas, vemos como o tema é ainda mais complexo com a inserção da personagem Sinatra Golden, uma escritora que tem seu livro We’s Lives in Da Ghetto, na lista de mais vendidos e a todo momento é questionada por Monk, que nem leu a obra dela!
Então qual o problema de Monk além da própria frustração? O fato de que Sinatra se comunica bem com mais pessoas? O consenso de que os leitores optam por conteúdos mais “crus”? A insistência em acreditar que se não for escrito por ele e não tiver uma linguagem culta, a obra não é boa?!
São muitos os pontos abordados, alguns eu sinto um pouco rasos, outros não. No fim, acredito que eles são levemente ofuscados pela dinâmica familiar de Monk, que tem como desafio reencontrar seus irmãos Lisa e Cliff para entender como cuidar melhor da mãe Agnes, cada vez mais senil.
O passado familiar dele é muito mais interessante do que qualquer outro aspecto do personagem, que para mim, é o menos carismático em cena. De qualquer forma, Ficção Americana se salva demais no final, especialmente quando eles brincam com a narrativa do livro, do filme e satirizam ainda mais tudo o que longa se propõe a criticar.
Ficção Americana está disponível no Prime Video.